sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A SOLIDÃO CONTENTE

(O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas) 


IVAN MARTINS
















Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre "solidão feminina" com alguma incompreensão.

Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas - e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.

Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente - e mora sozinha.

Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.

"Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés (como isso é bom) e curtir a minha casa", disse a prima. "Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas".
Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.
Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.


Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.


A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.


A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.


Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?


A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior - com apoio da publicidade.


Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando - senão a economia não anda.


Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.


Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.


Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.

Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa - desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.

Solidão Filosofica...






Segundo alguns Filosofos a solidão não é simplismente o isolamento, a solidão para eles é algo que merece atenção, apesar do olhar difrenciado entre eles.





Para Nietzsche a solidão torna-se necessaria para que todos possam adquirir liberdade, na verdade para ele a solidão é o caminho para a libertação da moral de rebanho. Onde "somente sozinho" você será capaz de refletir, pensar, analisar e tirar conclusões daquilo que partio de uma opinião que é meramente sua e de mais niguém.


A Libertação do humano das garras dessa moral que leva à massificação do rebanho só se dá através  da solidão que é a chave para a afirmação de si.
      Ela rompe com a idealização provocada pela moral para dar espaço aos
impulsos vitais e fazer o humano retomar em si o pensar, o sentir e o querer,
que a moral havia apagado em nome da implantação de um processo de negação do “eu” para seguir aquilo que foi imposto como certo.
  Nietzsche a partir de sua solidão, não somente encontrar caminhos para “libertação” do humano da combalida moral gregária, mas apontar estes caminhos a fim de que no futuro apareçam outros homens que, livres, possam estabelecer novas leis numa sociedade nova em que o indivíduo tenha a oportunidade de se afirmar, e não ser uma peça de engrenagem de um sistema que leva ao adoecimento e fraqueza humana.
A solidão em Nietzsche é a da alta montanha, dos homens superiores que venceram as barreiras estabelecidas pela moral do rebanho. Esses homens solitários são os que não vivem mais sob uma heteronomia, mas são autônomos e legisladores de suas próprias leis.
 
“Tenho necessidade de solidão”
 
 --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 

 
Para Heidegger, viver é arriscar para que objetivos sejam atingidos e arcar com a responsabilidade dessa escolha.

Podemos escolher estar com pessoas, mas ninguém nascerá, adoecerá, viverá  ou morrerá em nosso lugar...
Esta é a grande questão da existência, mas não significa uma coisa negativa se aceitarmos que ela faz parte de nossa essência humana.
A solidão é muito difícil de lidar quando esperamos que o outro dê um
     significado para nossa vida, fazendo dele o personagem principal de nossa
     história e nos colocando como coadjuvantes e secundários.
O homem se torna autêntico quando aceita a solidão como o preço da sua própria liberdade.
"Sendo autêntico você assume a responsabilidade por todas as suas escolhas existenciais, aceita correr os riscos que forem necessários para atingir os seus objetivos, e passa a encontrar amparo e segurança em si mesmo.
"Cada um de nós nasceu só, vive só e vai morrer só.“
 
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Heráclito desde cedo passou a viver voluntariamente na solidão.O homem Heráclito interpreta o mundo e se descobre parte dele, em seu interior, ele acolhe, guarda e escuta o logos.

"Nada existe de permanente a não ser a mudança "
 

Psicologia e Solidão

O Olhar do Psicólogo Sobre o tema Solidão.

Tipos de Solidão - Depressão


 
    Quem sofre com a Depressão busca a solidão. A busca pela solidão facilita a lembrança de experiências traumáticas e dolorosas intensificando a dor e afastamento cada vez mais da realidade diária.
     A depressão é um quadro que abrange o organismo todo, que compromete  o afeto e o pensamento, e que altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida.

 Ela afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas, sendo um dos principais sintomas, a solidão, ou o isolamento social.

Tipos de Solidão - Positiva


 
 
Sob o aspecto positivo, a solidão é necessária, pois propicia ao ser humano momentos de encontro consigo mesmo, com sua criatividade e essência, o que em meio a outras pessoas e ruídos não ocorreria.
É estando interiorizados, que conseguimos, por exemplo, observar e nos conectarmos a natureza.
A solidão positiva é vista também como um momento de construção social e como sinal de amadurecimento emocional, representando um conquista associada ao autoconhecimento e à autoestima.

Tipos de Solidão - Opcional







Sentir-se sozinho não significa, necessariamente, estar isolado de companhias. Muitas pessoas, vivendo em prédios com dezenas de apartamentos e cercadas de vizinhos pelos quatro lados, ainda se sentem solitárias.
   Às vezes, diante de algumas crises em nosso convívio  podemos achar que o isolamento é uma solução para os nossos problemas, não podemos fazer da solidão uma opção de vida ou um recurso para contornar as dificuldades.
 Aquele que prefere viver separado do mundo, considera mais fácil tachar os outros como incapazes de conviver com o seu modo de pensar e agir, em vez de reavaliar a situação.
   Antes mesmo de se afundar nas “águas da solidão”,
 melhor seria “nadar” contra um sentimento.
Obs.  Solitude:
É o querer estar só, estar sozinho por opção.

Tipos de Solidão - Patologica


Patológico: é a impossibilidade de comunicação associada a todas as formas de “loucura”, depressão.
É quando a pessoa abandona sua vida, já não consegue ficar bem consigo mesmo ou com a sociedade.

Ela pode surgir do  egoísmo que afugenta companhias até fragilidades emocionais que escancaram síndromes de rejeição, complexo de inferioridade e fobias sociais. A alta estima em baixa produz estados de angústia e o sentimento de não aceitação social. A insegurança leva ao  isolamento, produzindo grande sofrimento mental e psicológico.